A resposta certa não está sempre visível num primeiro momento

From Henry's personal library

A filha de Mark, Rachel, era uma excelente aluna até que começou o segundo ano do que é o ensino médio no Brasil pela idade. Naquele ano as notas de Rachel caíram e a felicidade dela decaiu bruscamente. Mark e sua esposa suspeitaram corretamente que a filha precisava de ajuda e buscaram terapia para ela. Por um tempo a terapia não parecia resolver nada, até que Rachel disse que queria mudar para outra escola. Ela queria uma escola que não tinha provas, num sistema educacional focado em criatividade e que daria muito mais liberdade que era o que ela queria. Mark e a sua esposa tinham medo da mudança, mas ao mesmo tempo se preocupavam com pôr a felicidade da filha em primeiro lugar. A mudança provou ser acertada e Rachel se formou na faculdade de Columbia com a Summa cum Laude.

Mark se lembra do passado e muitas vezes ele tinha medo de tomar uma decisão errada. A resposta correta vinha junto de muitas bandeiras vermelhas que sinalizavam que aquela resposta não era boa. Era o medo de errar. Mark cita algumas mecânicas que uma outra pessoa teve a ideia e estava muito entusiasmada, enquanto ele não tinha fé naquela mecânica. Depois de jogar e testar, Mark mudou de opinião. A lição aqui é que você precisa ser aberto à discussão. Uma ideia que pareça errada, irrealista ou exótica pode se mostrar útil e importante.


Esta lição é quase a mesma que uma anterior sobre questionar as suas convicções. Por quê Mark tinha medo de uma mecânica antes de testá-la? Porque ele temia que a nova mecânica não fosse suficientemente excitante para os jogadores. Como o Mark é muito apaixonado pelo jogo é natural para ele sentir que se algo não parece excitante, dificilmente o seria para o público-alvo. Eu consigo entender por que ele se sente assim, já que ele é o chefe do design. Porém, se olharmos para o que nos provoca o medo de algo. Geralmente é algo que não conseguimos compreender ou algo que se apresenta como uma ameaça para nós. O medo do desconhecido é o medo mais primitivo de todos. É muito natural para nós seguir o caminho que parece mais seguro e que de alguma forma nos é familiar.

Há um fator que se chama viés cognitivo e esta lição é bem relativa a isso. Quando fazemos algo que dá certo e faz sucesso, é natural sentirmos mais seguros na repetição da mesma coisa. Por outro lado, se algo não funciona como esperado a tendência é abandonarmos aquilo. Mark declara que gosta de explorar novos espaços, o que tem a vantagem de trazer um frescor que só conseguimos quando algo é inteiramente novo. É uma estratégia arriscada, mas há outra lição de Mark que é a de que não assumir riscos é uma ameaça ainda maior do que assumir um risco. Eu diria que Mark é um caso especial de ser uma pessoa teimosa e cautelosa ao mesmo tempo.

Se apostarmos tudo num time que perde a maioria das partidas, podemos continuar apostando naquele time sempre? Sim e às vezes o fazemos por uma questão de fé. Porém, também precisamos ter os pés no chão porque a fé sozinha não ganha jogos, partidas e no caso de ser responsável por um negócio como é o caso do Mark impõe grandes riscos se dependermos da pura sorte. Se apostarmos num time que sempre vence, poderá um dia aquele time perder? Sim e com isso voltamos à lição sobre questionar as nossas convicções. Só porque algo sempre dá certo não significa que vai continuar dando certo para sempre. Ao mesmo tempo, se algo sempre dá errado isso não significa que nunca vai dar certo. Sempre e nunca são palavras fortes e o Mark diz que não gosta de dizer que alguma coisa nunca vai acontecer.

Eu incluiria uma lição paralela aqui de que o mundo é cheio de caminhos. Alguns dão errado, outros dão certo. Alguns são complicados, enquanto outros são retos. Existem algumas constantes universais como você precisar agradar ao público-alvo e ser capaz de superar obstáculos. Há muitas coisas que são comuns para todos, como toda pessoa ter uma identidade própria. Não podemos mudar certas coisas como a água ser um pré-requisito para a existência da vida, mas podemos questionar quanta água é necessária para se viver. Se algo sempre dá errado podemos questionar o que poderia ser mudado para que desse certo. Se não conseguimos encontrar uma resposta para algo, quem sabe alguém consiga porque vê as coisas de uma perspectiva diferente. Se apegar fortemente a convicções inquestionáveis é uma mentalidade perigosa. Um exemplo bem forte é o racismo. O racismo é movido à medo e crenças que são muito difíceis de serem desafiadas.

O que eu posso dizer é que quanto mais experiente você for, menos tempo precisará para encontrar uma resposta.

Palavras finais: A Rachel não estava feliz com um sistema de educação com provas e notas. A resposta então é descartar as notas? Não é bem assim. As pessoas são diferentes e reagem cada uma de uma maneira. Às vezes as notas funcionam como pressão positiva para alguns. Por quê eu não sei dizer. A outra coisa é que a terapia não estava resolvendo a infelicidade da Rachel. Eu tenho que citar o Alan Mocellim aqui, um professor brasileiro que diz que na maior parte das vezes, é o ambiente que provoca impactos negativos na saúde mental das pessoas. O exemplo da Rachel é uma prova disto. Mais ainda, eu diria que não era culpa do ambiente na infelicidade da Rachel. Melhor seria dizer que havia um descompasso entre os desejos da Rachel e o que a escola tinha a oferecer. Eu digo isto porque algumas vezes tentamos apontar culpados e isso nos deixa com a visão turva. Por consequência fica muito mais difícil de ver a resposta correta como os exemplos de Mark mostrados anteriormente mostraram.

Referências