Os erros são valiosos

From Henry's personal library

Mark defende que sem erros nunca aprendemos a melhorar em qualquer coisa. Quando somos bem-sucedidos o melhor que podemos aprender é que algo está funcionando e podemos até mesmo não saber o que funciona e por quê. Temos a tendência de repetir a fórmula porque simplesmente funciona. Não somos encorajados a mudar ou a tentar algo diferente. Por sua vez, os erros forçam a reflexão. Os erros exigem análise e para analisar precisamos parar e pensar. Os erros carregam uma emoção negativa e é difícil lidar com emoções negativas. A chave está em compreender a lição que o erro está ensinando. No caso de design os erros são parte do processo e eles são muito mais frequentes do que os acertos. Se você não aprender com os erros estará fadado a repeti-los e fracassará em evoluir.

A lição de vida é bem clara. Os erros trazem o peso das emoções negativas, mas a única forma de prosseguir é aceitá-los e vê-los como um caminho para o engrandecimento. Eles nos dizem que algo está errado e ficamos encarregados de descobrir o que está errado. É difícil e toma tempo, mas aqueles que fracassam em aprender com os erros estão fadados a repeti-los.


Eu escutei o mesmo de um professor de cálculo. Na ciência o único caminho para o progresso é aprender com os erros do passado. O que Mark ensina é uma verdade universal. Se você olhar para a indústria de automóveis, fórmula um, esportes, legislação, etc. No passar do tempo a única forma de progredir é entendendo os erros. A história dos esportes, fórmula um, indústria de automóveis, etc é recheada de erros e mesmo mortes. Não estou glamorizando as mortes, que fique claro. Estou dizendo a você que hoje a segurança na indústria é muito mais robusta porque a tecnologia evoluiu e fomos obrigados a aprender com os próprios erros. O mesmo pode ser dito sobre a evolução da medicina, indústria alimentícia, química e muito mais. A própria história da humanidade já é um testamento de que precisamos aprender com os erros.

Quando não sabemos como resolver um problema isso significa que precisamos aprender algo para resolvê-lo. Quando já sabemos a resposta, resolver o que já sabemos não nos traz aprendizado nenhum. Já sabemos o caminho e não ganhamos nada quando repetimos o que já sabemos. Se erramos somos forçados a refletir por um momento. Eu posso dar um exemplo pessoal do exame admissional aqui. Eu me inscrevi para a prova do exame admissional da universidade daqui mais de uma vez. Todas as vezes que fiz a prova, ao retornar para casa lembrava quais erros cometi naquela prova. Na próxima tentativa eu ainda lembrava dos erros da tentativa anterior. Muitas coisas podem dar errado: você gasta tempo demais numa questão; você toma alguma coisa que faz ir ao banheiro várias vezes; você não dormiu bem na noite anterior; você esqueceu de preencher uma alternativa na folha de respostas; por aí vai. O fardo emocional é bem pesado, como Mark disse.

O próprio Mark tem uma longa lista de erros. São muitas mecânicas, cartas, sets, que foram mal avaliadas na pesquisa de mercado, eram fortes demais ou fracas demais. O segredo é que ele aprendeu com os vários erros para atingir o nível de proficiência que tem hoje (2022). É a mesma coisa com idiomas. Quando aprendemos qualquer idioma (a música também conta) sempre cometemos muitos erros. É impossível não cometer nenhum erro. Todo erro que cometemos com o idioma vem acompnhado de uma emoção forte e quanto mais forte for a nossa reação ao erro, mais forte será a nossa memória dele. Com o tempo nós melhores e cometemos cada vez menos erros. Com design de níveis eu posso assegurar que tive a mesma experiência que Mark. Quando começamos não sabemos muito e cometemos muitos erros com luzes, cores, texturas, geometria e por aí vai. É somente após uma longa lista de erros que podemos alcançar um alto de nível de proficiência com design de níveis.

Há muitos estudos na psicologia sobre cometer erros. Uma vez eu li em algum lugar que um dos elementos chave presentes nas mentes de assassinos em série e psicopatas é que eles falham em aprender com os próprios erros. Quando cometemos um erro sentimos as emoções negativas e é por causa do impacto negativo que tentamos evitar repetir o mesm oerro. No caso dos psicopatas eles não sentem (isto é objeto de pesquisa) o fardo das emoções negativas e isso explicaria porque eles repetem o mesmo padrão de novo e de novo. Eu só menciono isto para concordar com o agumento de Mark que o design é muito ligado ao cometimento de erros. Agora há um outro problema que é a incapacidade de reconher um erro como sendo seu. Esta é uma das características chave da personalidade narcisista. Eles(as) falham em reconher um erro como sendo deles(as) mesmos(as) porque eles(as) possuem um complexo mecanismo de auto-defesa. Eles podem reconhecer um erro aconteceu, mas a causa dele foi outra pessoa ou o próprio ambiente é que é culpado. Apenas para lembrar, não reconhecer erros por si só não é o que faz uma pessoa ser um narcisista ou um psicopata. Não é tão simples.

Eu poderia continuar e discutir o arrependimento mas aí eu estaria entrando num reino no qual não tenho sabedoria suficiente para entrar. O que eu poderia dizer para me manter próximo às palavras de Mark é que temos que reconher erros e aprender com eles. Encontrar desculpas ou se desviar da culpa dos erros é a receita para nunca crescer, ficar preso no tempo e nunca andar para frente. Como fazer? Eu não posso dar nenhum conselho aqui além de tentar entender as smoções e não fugir dos erros. Porque o medo de cometer erros é fortemente ligado ao perfeccionismo. O que posso dizer para você é que aprender com os erros requer tempo e paciência. Se descuidado é sinônimo de não se importar com cometer erros e é aqui que eu complementaria a lição de Mark da seguinte forma: erros acontecerão, mas esta não é uma boa desculpa para justificar erros.

Uma última nota: Sam Stoddard tem uma lição sobre tentar o jeito errado primeiro. Isto é o mesmo que cometer um erro de propósito? Eu diria que não. Existe uma diferença entre experimentação e errar deliberadamente. Se uma pessoa repete os mesmos erros eu imaginaria que ela tem alguma deficiência. Alguma coisa está impedindo a pessoa de reconher e compreender o erro em primeiro lugar. Porém, se estes erros são deliberados para causar danos, então no mínimo estamos diante de uma pessoa com pouca ou nenhuma empatia. No pior caso estaremos diante de alguém que é realmente maligno ou um psicopata.

Referências (inglês)

Referências (português)

  • Professor Alan Delazeri Mocellim
  • Professor Pedro Calabrez
  • Dr. Daniel Martins de Barros